sábado, 11 de novembro de 2017

Os chineses da minha terra

Os chineses da minha terra não são como os outros chineses: fumam, bebem, vão ao café, pedem torradas, usam e abusam do restaurante.
Os chineses da minha terra são simpáticos, têm sentido de humor, não me perseguem na sua loja de chineses, riem-se, mostram os dentes, brincam com o meu sentido de humor.
Os chineses da minha terra são fixes. 
Há chineses fixes.   
É tudo.

sábado, 4 de novembro de 2017

Poesia-me

Poesia-me.
Faz de mim o teu soneto,
A tua melhor rima,
Aumenta a minha auto-estima

Poesia-me sempre.
Utiliza a tua ironia,
O teu sarcasmo,
O teu melhor pleonasmo

Poesia-me bem.
Acredita no passado,
Hiperboliza o nosso amor,
Brinca com a nossa dor

Poesia-me à vontade.
Afaga as sílabas, escolhe cada palavra,
Faz da conjugação a tua amada,
Torna a pontuação tua aliada, 

Poesia-me mais e mais.
Mais que muito, mais que tudo,
Grita a metáfora que tens dentro de ti,
Torna-me o poema que nunca li
Poesia-me demais.
Torna-me humano, desalinhado, 
Sonhador, obstinado, 
Mortal e apaixonado.

Pp

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Pode ser velha, mas para mim é nova!

Oh, pai compra-me uma bicicleta! 
Para que queres uma bicicleta se tens um pente... 
Oh... Nunca mais como laranjas.


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Mos "menorum"

"É um privilégio envelhecer! Quando as pessoas tentam travar este processo, acaba sempre por ser desastroso."

Julianne Moore

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Se um macaco não se deixa enganar...

Nenhum de nós conseguiria convencer um macaco a dar-nos uma banana prometendo um fornecimento ilimitado de bananas depois da morte, no Céu dos macacos.

Sapiens, Yuval Noah Harari

por que razão nos deixamos enganar todos os dias?

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Já tinha saudades...

Já tinha saudades de ti que me lês,
Que me esperas na próxima pausa
e que lambes o dedo da imaginação
como se mais uma palavra
fosse o sopro de vida que te falta,
Que te inquieta,
Que te esmaga por dentro
e que azula as tuas veias como uma doença
que não tens mas que sentes ter,
sem fôlego.

Já tinha saudades de ti que me consolas,
que me percebes e escreves e pensas
o que queria ter sentido,
O que faz sentido desde que te conheci
e me entreguei sem rede
por nada e por tudo, sem nada e com todas
as coisas que preciso para ser eu,
Perspicaz. 

Já tinha saudades de te encontrar aqui.
Já tinha saudades de ti.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Vinho novo, odres velhos

"Por mais que um lugar nos pareça, a princípio, selvagem, é a nossa natureza domesticá-lo, tornando-se, primeiro, habitável, mais tarde familiar e, por último, quando já pouco nós assusta e aprendemos a chamar-lhe casa, o sítio onde nós lambuzamos na nossa preguiça, começando a desprezá-lo, a esquecê-lo."

João Tordo, O luto de Elias Gro

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Nem umas, nem outras

"Alguém disse uma vez, apreciando um texto escrito por outra pessoa, que neste se encontravam ideias boas e originais, mas que as boas não eram originais e as originais não eram boas."

sábado, 9 de setembro de 2017

Confuso?

"A pergunta certa é geralmente mais importante do que a resposta certa à pergunta errada."

Alvin Toffler

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Beijo

"Creio que, numa relação, o beijo terá sempre de manter a densidade do primeiro, a história de uma vida, todos os pores-do-sol, todas as palavras murmuradas no escuro, toda a certeza do amor. Mas já não é assim. Agora sabem às vacinas que tínhamos de dar à cadela (já morreu), às conversas com o director da escola, à loiça por lavar, à lâmpada que falta mudar, às infiltrações no tecto, às reuniões de condóminos. Toco levemente os lábios dela e sabe-me à rotina, às Finanças, ao barulho da máquina de lavar roupa. Beijamo-nos como quem faz a cama."

Flores, Afonso Cruz

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Comunidades

Vivem de subsídios ou de negócios mais ou menos duvidosos em feiras onde, entre outras coisas, vendem produtos contrafeitos sem pagar um único cêntimo de imposto ao estado ... 
Educam os filhos na mendicidade, vendendo pensos rápidos ou usando animais de estimação como cobaias, tanto para fins recreativos, como para arrastamento de veículos de duas rodas...
Fazem casamentos por conveniência, obrigando adolescentes a casar aos 12, 13 e 14 anos, não lhes dando oportunidade de frequentar a escola, nem de acabar o ensino regular...
Tratam as mulheres como adereços...
Exibem colares e pulseiras de ouro, roupas escuras, cabelos grandes e barbas mal-aparadas... 
Rejeitam a higiene, tanto íntima como das casas onde habitam, normalmente em bairros sociais com rendas baixas - ainda assim por pagar -, transformando essas habitações em autênticas barracas...
Falam com os restantes cidadãos de cima de um pedestal de "estoumecagandismo" total, não se coibindo de - experiência pessoal - tentar enganar, aldrabar, mentir e dissimular situações, contextos e relações pessoais no sentido de manter o seu "status"...

Se está a pensar numa comunidade em especial ou é tão preconceituoso e xenófobo como eu, ou é um normal cidadão observador da realidade nua e crua, com algum espírito crítico. 
Se não pensou em nenhuma comunidade em especial, nem a identificou imediatamente, parabéns!, vive num mundo cor-de-rosa e é de Esquerda.



domingo, 16 de julho de 2017

Demência

Os fantasmas da alma são criações minhas!
São espelhos redondos com dúzias de linhas
São pássaros brancos que enchem a mente
São lírios acesos, nas almas da gente

São traços ardentes turbando a visão
São rios de lava dentro do coração
São pregos cravados no alto da cruz
São bichos nocturnos que cegam à luz

São medos cuspidos da voz do cantor
São traços a cinza na mão do pintor
São chagas no céu que o inferno nos traz
São sombras intensas na caverna onde estás

São murros no estômago, são pó, são algemas
São traumas profundos, violentos dilemas
São ervas daninhas em lugar de vinhas:
Os fantasmas da alma são criações minhas!

quarta-feira, 12 de julho de 2017

O Homem mais Inteligente da História

"ninguém se casa apenas com uma pessoa, mas também com os fantasmas do seu passado e com a sua família."

Augusto Cury

terça-feira, 11 de julho de 2017

Nunca tinha pensado nisto...

"A condição frágil e mortal do ser humano movimenta a indústria dos seguros, as forças armadas, a medicina, os mecanismos de segurança dos aparelhos, os filmes de Hollywood, enfim, é responsável direta ou indiretamente por mais de dois terços do PIB mundial."

Augusto Cury, O Homem mais Inteligente da História

quinta-feira, 29 de junho de 2017

caos

1. Confusão dos elementos antes da criação do universo.
2. [Figurado]  Confusão.
3. Desordem.
4. Perturbação.

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

A teoria do caos está muito presente no dia-a-dia dos portugueses. Em todo o lado, a arraia miúda discute e propõe formas de melhorar o país nos mais diversos sectores de actividade, incidindo particularmente em formas de desburocratizar instituições e organismos. A pergunta-conclusão é sempre a mesma: mas eles (políticos) não vêem isto? 
Uma novidade: vêem. Por incrível que pareça, as pessoas que ocupam esses cargos, salvo raras excepções, são qualificadas e inteligentes o suficiente para perceber as idiossincrasias do país onde nasceram, viveram e que, de certeza, conhecem melhor do que qualquer cidadão comum. 
O problema é que o caos dá-lhes jeito. Com a organização instalada, ou a falta dela, podem fazer as suas negociatas, os seus esquemas, as suas tramóias: corrupção. Como diz um amigo meu, estão mais perto de "ganhar o belo".
Tomando como exemplo o recente incêndio em Pedrógão, se fosse tudo organizado não teria havido incêndio ou, pelo menos, não seria tão grave; se não houvesse incêndio não teriam trabalhado os helicópteros e aviões: dos amigos; não precisaríamos de um sistema (SIRESP) que não funcionou mas que foi comprado: aos amigos; não se faria um concurso para a aquisição das viaturas dos bombeiros que arderam que vão ser vendidas, adivinhem, pelos amigos; não seria preciso reflorestar a floresta pelas empresas dos amigos; as telecomunicações e a electricidade não seriam repostas pelas empresas dos amigos, que já foram vendidas a preço de amigo e que têm de justificar as gratificações que deram aos amigos; não eram constituídas comissões que vão analisar no terreno o que se passou, com pessoas que irão ser pagas a peso de ouro, pessoas que são: os amigos. Telejornais, Directos das Televisões, Concertos Solidários, Linhas de Apoio, Comissões Parlamentares não teriam existido. 
Resumindo: as vidas humanas pouco importam, para a generalidade dos políticos o que interessam são os interesses dos amigos. Por isso, a minha revolta...
Ainda pensei que os artistas que participaram no concerto solidário, com o tempo de antena que tiveram, falassem sobre estes assuntos, botassem a boca no trombone, que os desmascarassem, que dissessem alto e bom som que nunca mais pode acontecer uma situações destas, que vidas humanas não têm preço, mas, se calhar, também são amigos... 

N.B. Não falarei mais sobre este assunto.
N.B(1). O PCP e o Bloco de Esquerda ainda existem?
N.B(2). A comissão constituída para apurar responsabilidades nada irá concluir.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Cárcere

Não durmo cansado, é irónico
Não fujo do cárcere, é icónico
Não sofro com dor, é tramado
Persigo o futuro do passado

Sem vida não vivo, é concreto
Sem chama não amo, está correto
Sem luz não levanto, um cabelo
Sou mais lambuzado do que um selo

Ninguém na vanguarda, é perigoso
Ninguém faz de mim, temeroso
Ninguém me mapeia, o destino
Sou um anjo ou sou um cretino

Não faço a pergunta, correta
Sem ela não alcanço, a meta
Ninguém me vai dar, a razão
A resposta está no meu coração


quarta-feira, 21 de junho de 2017

Para ti (Parte 2)

1 - Ninguém muda ninguém; 
2 - Aprende a celebrar os acertos, mais do que apontar as falhas; 
3 - O casamento deve ter 70% de comédia e 30% de drama; 

Augusto Cury, Prova Oral

terça-feira, 20 de junho de 2017

Variações em amor menor

O amor não vincula ninguém,
não se pede, não se exige:
ninguém é obrigado a amar.
A razão encolhe os ombros,
pensa sobre o amor,
trata-o como um irmão mais novo,
irresponsável, imaturo.
O amor não é assim, tão altruísta.
Por incrível que pareça
não sente pela razão,
não a ama, não lhe diz nada,
é-lhe indiferente,
passa-lhe ao lado.
Paradoxalmente, nariz empinado,
é mais objetivo, mais orgulhoso,
mais cheio de si (amor próprio).
Ama. Monopoliza. Arde. Sufoca.
Pragmático,
faz o que tem a fazer.
E fá-lo bem... e sabe bem...
E é bom, muito bom.

domingo, 18 de junho de 2017

Para ti... (Parte 1)

"Uma mulher chegou para mim, Dr. Cury o meu marido é muito stressado, pense num homem complicado. Se você que é psiquiatra, ficar 5 minutos com ele, você vai ter um ataque de ansiedade. Nesse momento, aproximei-me dela, olhei-a nos olhos e disse: se você escolheu um homem tão complicado para viver, você não deve ser tão fácil". 

Flores, Afonso Cruz

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Síndrome do Pensamento Acelerado

"Pensar de mais sem gerenciamento é uma bomba contra a saúde emocional. Uma criança de 7 anos de idade, actualmente, tem mais informações que o Imperador Romano tinha no auge de Roma. O Jornal New Your Times tem mais informações num único exemplar do que um ser humano médio adquiria durante toda a sua vida. 
Os sintomas são: acordar cansado; dores de cabeça e dores musculares; sofrimento por antecipação; dificuldade de conviver com pessoas lentas ou de ter paciência nos focos de tensão."

Augusto Cury, Prova Oral

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Minas Canicas

O conceito não é novo e não é meu. Apesar disso, é um conceito com o qual concordo inteiramente e que retrata a civilização de um povo e a sua cultura.
Toda a gente sabe que as cidades não foram construídas para a bicharada. Quando um qualquer animal selvagem resolve "invadir" o espaço que o homem lhe roubou é considerado um intruso, como se o bicho soubesse distinguir territórios amigáveis de territórios não amigáveis.
Posto isto, suponho que "animalada" de estimação, embora mais adaptada do que os descritos atrás, também apresente algumas inaptidões à vida citadina, como se verificou há uns tempos quando uma menina foi violentamente atacada por um rottweiler num parque infantil.
Desta forma, os comuns mortais animais racionais têm duas opções: ou - como eu - optam por não ter animais de estimação porque não têm as condições necessárias para os ter ou, tendo-os, proporcionam-lhes as mínimas condições de digna sobrevivência, minimizando o seu impacto no meio envolvente. Tirá-los de casa diariamente é só uma dessas condições. Limpar o seu cocó quando saem de casa é outra. E não é só o cocó dos passeios porque muitos donos incentivam os bichos a aliviarem-se em jardins só para disfarçar... Disfarces que podem trazer alguns perigos às crianças, ávidas de brincadeiras nos poucos espaços verdes das cidades. 
Alguns donos de animais de estimação ainda não perceberam que os animais e os seus dejectos são propriedade dos seus donos, ou seja, deles mesmos. Enfatizo esta ideia, reforçando-a, porque há muita gente que faz de conta... Aliás, no nosso país, nos mais diversos assuntos, há muita gente que faz de conta.
Analisando os passeios das cidades, concluo que fico sem saber quem são os bichos?




sexta-feira, 26 de maio de 2017

Di-co-to-mi-as

"Esquecemo-nos, muitas vezes, que, atrás daquilo que vemos, está um homem ou uma mulher, tão fracassado como nós, em busca da perfeição.
O que é a perfeição?
É uma crueldade que Deus nos meteu na cabeça."

João Tordo, O deslumbre de Cecília Fluss

Esquecemo-nos que são os outros ou que somos nós os fracassados?
All In na segunda hipótese.

O amor é assim

Maria

Papá

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Ninguém é pobre senão de espírito

"Esta ideia de punição e de criação de um estereótipo do que é um bom pobre e um mau pobre é muito preocupante. (...) Eles (pobres) para receber o apoio em géneros têm de trabalhar, geralmente na própria associação. Não podem ter problemas com álcool, droga e prostituição. O pobre tem de mostrar que quer melhorar. Não pode frequentar cafés, nem receber apoio de outras instituições. "

João Teixeira, As classes populares, Prova Oral


A propósito da opinião transcrita em cima, tendo a concordar com a teoria, mas nunca com a prática.
A divisão entre pobres bons e maus está, na minha opinião, mal formulada. A verdadeira divisão deveria estar mais perto de "pobres de espírito" e "pobres de circunstância".
Os pobres de espírito são aquela classe social portuguesa que adoptou a pobreza como profissão. A pobreza material advém da pobreza de espírito. Vivem da mendicidade, de subsídios, de esmolas, de pequenos roubos que vão surgindo aqui e ali. São aqueles que corporizam a frase: feios, porcos e maus.
Os pobres de circunstância são muito diferentes. São pessoas que tiveram problemas na sua vida, fruto das mais variadas circunstâncias, que os levaram à pobreza mas que, ajudados, querem e podem sair dela. Muitas vezes, estas pessoas nem pedem ajuda porque têm vergonha: a chamada pobreza envergonhada. 
São dois grupos muito diferentes. Separar o trigo do joio nestes dois grupos não é nada fácil. Posto isto, como é normal em Portugal, por uns pagam todos e acho muito bem que as instituições fiscalizem os apoios e ponham as pessoas a colaborar/trabalhar para o bem comum. Era o que faltava serem gastos recursos, muitas vezes públicos, para manter vícios. Além disso, estes vícios têm repercussões nas prisões, nas polícias, nos hospitais, em muitos institutos e serviços públicos. 
É um lugar comum confundir-se pobreza com porcaria, com falta de estudos, com má educação. Pobreza não é nada disso. Pobreza é um estado transitório de uma pessoa que não teve sorte com o berço, com a vida, com ambos.
Toda e qualquer pessoa com trabalho, dedicação e resiliência, no nosso país, pode sair de uma situação dessas. São inúmeros os casos de pessoas que conseguiram vingar na vida. Só que dá trabalho,... muito trabalho. 
Assim, pobreza só de espírito!

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Não posso errar sempre!

O que escrevi (aqui) a 7 de Março está actual e correcto. Parabéns para mim próprio e, já agora, deixem a inveja de lado, gozem a vida e aproveitem a música.


sábado, 29 de abril de 2017

Brilhante gestão de um homem do futebol

Adoro futebol. Não faço segredo disso, não preciso... Tenho pena que o jogo seja considerado - por alguns pseudo-intelectuais - o  desporto do povo, depreciativamente claro... Algumas vezes esta animosidade, má vontade ou o que lhe queriam chamar é considerada um tipo de superioridade, de inteligência, de bom gosto: sim,  porque eu até nem gosto de futebol, onze contra onze atrás de uma bola... 
Tudo isto para dizer que a modalidade "do povo" pode ensinar-nos muitas coisas como, por exemplo, a forma como se devem gerir pessoas no seu local de trabalho, milionários com um ego do tamanho da conta bancária e, não raras vezes, com um cérebro do tamanho de um feijão.
Neste particular, temos - Portugal - muitos e bons treinadores espalhados pelo mundo. Um dos melhores subiu a pulso, chama-se Leonardo Jardim e treina um clube francês, o Mónaco. Neste momento está nas meias finais da melhor competição futebolística mundial com uma equipa de tostões comparada com as concorrentes. Diz ele:

"Utilizo uma filosofia baseada numa interacção total. Não sou treinador de gabinete, mas de campo. Faço a gestão GALO: Gestão Andando de um Lado para o Outro! Não marco reuniões, tenho a informação da fonte de uma forma directa. Chego às 9 horas e ando no clube durante hora e meia. No fim do treino, volto a andar mais hora e meia. Ando às voltas, sem rumo, mas com disciplina. É nessas alturas que há maior fluxo de informação. Não ligo o computador, nem fico ao telemóvel com empresários. Converso com quem me cruzo, ando por zonas onde não era suposto andar. Observo e sinto o ambiente. Engraxo quem está abaixo: o roupeiro, o massagista... nunca o chefe. Escuto, escuto e escuro. A coerência em palavras e actos, é fundamental. Os jogadores gostam de ser reconhecidos e temos de gerir os egos.”
Posto isto, penso que já perceberam onde quero chegar. Afinal, sempre conseguimos aprender alguma coisa com o futebol...

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Namoro

Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
e com a letra bonita eu disse ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar

e dando calor ao sumo das mangas.
sua pele macia - era sumaúma...
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
tão rijo e tão doce - como o maboque...
Seu seios laranjas - laranjas do Loge
seus dentes... - marfim...
Mandei-lhe uma carta
e ela disse que não.

Mandei-lhe um cartão
que o Maninjo tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto - SIM, noutro canto - NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou.

Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
pedindo rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia,
me desse a ventura do seu namoro...
E ela disse que não.

Levei à avó Chica, quimbanda de fama
a areia da marca que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço forte e seguro
que nela nascesse um amor como o meu...
E o feitiço falhou.

Esperei-a de tarde, à porta da fábrica,
ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
paguei-lhe doces na calçada da Missão,
ficamos num banco do largo da Estátua,
afaguei-lhe as mãos...
falei-lhe de amor... e ela disse que não.

Andei barbado, sujo, e descalço,
como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
" - Não viu...(ai, não viu...?) Não viu Benjamim?"
E perdido me deram no morro da Samba.
E para me distrair
levaram-me ao baile do sô Januário
mas ela lá estava num canto a rir
contando o meu caso às moças mais lindas do Bairro Operário

Tocaram uma rumba dancei com ela
e num passo maluco voamos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: "Aí Benjamim!"
Olhei-a nos olhos - sorriu para mim
pedi-lhe um beijo - e ela disse que sim.

Viriato da Cruz

domingo, 23 de abril de 2017

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Só desisto se for eleito!

"Nós achamos que as pessoas do mundo da arte não estão sensibilizadas para o verdadeiro nojo que se está a passar e há aqui uma data de pessoas que não passam de uma chusma de parasitas que estão a brincar connosco, que estão a brincar com os portugueses. (....) A arte, o meio artístico nacional é uma chusma de prostitutas e proxenetas. Eu queria chamar à atenção para que os políticos são espantalhos e também são prostitutas dos bancários." 

Manuel João Vieira, Prova Oral

domingo, 16 de abril de 2017

Realidade

O que devia ser real era o sonho e não a realidade.

Manuel João Vieira, Prova Oral

quarta-feira, 29 de março de 2017

Justo

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

Fernando Pessoa

terça-feira, 7 de março de 2017

Mentalidades 2

A polémica instalou-se com a canção vencedora para nos representar no Festival Eurovisão da Canção.
Para mim, são perfeitamente estúpidas as críticas: que não se adequa ao estilo do festival, que devia ser mais direccionada para o estilo pop/rock/metal, que é demasiado simples, que o cantor não tem grande voz, que os camones não vão perceber a letra, que o tema é pueril e muito batido, que devíamos mandar um homem com barba vestido de mulher... são algumas das críticas que incendiaram as redes sociais!
E não é que são todas verdadeiras (excepto a última) mas que, mesmo assim, não beliscam em nada a música em questão, o seu valor, significado e intensidade.
A canção é linda, a interpretação é boa, a letra é inspiradora. O simples e o belo podem funcionar e, neste caso, funcionam numa perfeita comunhão que há muito não sentia ao ouvir um tema. 
Se não se adequa ao estilo do festival, azar... Para mim, só existem dois tipos de música: boa e má, e esta é, claramente, uma música boa muito na linha do que nos tem apresentado a cantautora. Curiosamente ou não, a voz e o estilo do cantor são muito semelhantes à voz e estilo da irmã.  
Pior do que temos apresentado nos últimos anos não é e, além disso, o próprio festival é uma farsa, sempre foi, com troca de votos entre países e pré-combinações abjectas que colocam a nu a nossa verdadeira dimensão. 
Ah! já agora, como nos diz a canção: "o meu coração pode amar pelos dois."

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Em casa pugno por isto!

"Subestimamos constantemente as crianças. Elas fazem coisas incríveis se lhas propusemos. (...) E, além disso, têm uma imaginação prodigiosa, são capazes de ver o que as rodeia de maneira diferente se conseguirmos libertá-las das muitas regras que se impõem nas escolas."

César Bona, A Nova Educação.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Que bom ler Alberto Gonçalves!!!

"O vilão Plano Nacional de Loucura(leitura)
Descobriu-se que um livro recomendado pelo ministério às crianças do 8° Ano incluí doses generosas de “rachas”, “cus”, “pilas” e “putas”. Seguiu-se a típica indignação. Ninguém se indigna pela obra em causa ser uma provável porcaria. Ou pela imensa lista de recomendações conter 19 (!) produtos de José Fanha, 10 de Manuel Alegre, 9 da antiga comissária do PNL e 5 de Isabel Allende. Ou pelo facto de uma aberração como o PNL sequer existir. Para cúmulo, a inclusão do livro citado deveu-se, cito, a “lapso informático”. O resto é de propósito."

Revista Sábado

Como diz o povo, das duas três: ou alguém não leu o livro ou o livro é bom (aqui discordo do autor da citação porque, até prova em contrário, prefiro ver as coisas pelo lado positivo) embora contenha um pouco de vernáculo que, diga-se, se ouve todos os dias nos recreios das nossas escolas e, por vezes, dentro das próprias salas de aula... As palavras citadas são "peanuts" para alguns alunos. Alguns educadores se fossem moscas teriam belas surpresas, ou não...

Erro informático é que não.

P.S. Valter Hugo-Mãe não tem culpa nenhuma da polémica e é, sem dúvida, um dos melhores escritores da língua portuguesa.