quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Só tenho um adjetivo: gostei!

"Parece que não é só impressão. Alguns estudos corroboram aquilo que sabemos: dizer palavrões é uma espécie de analgésico barato. Ou seja, fazem bem à saúde. E até podem ser sinal de que a pessoa que os usa em excesso é criativa (mas isso talvez seja puxar a corda quase até partir).

Seja como for, os palavrões são uma espécie de armas mentais: permitem-nos insultar, excitar, animar, enfurecer e, em geral, acordar toda uma série de emoções muito fortes em qualquer pessoa. Se quase todas as palavras nos fazem sentir uma ou outra emoção, os palavrões são uma espécie de injecção de adrenalina na mente."

In Doze Segredos da Língua Portuguesa, Marco Neves, Guerra & Paz, 2016. 

Para mim a explicação é simples e não eram precisos estudos nenhuns: os palavrões não passam de interjeições como "Ai! Ui! Oh! Hum!" e já deviam estar plasmados nos dicionários e gramáticas com essa classificação morfológica. 
Porém, ao contrário das interjeições citadas, os palavrões tiram a dor (mais uma vez não eram precisos estudos) e são o melhor analgésico que existe (é a minha opinião que corrobora os tais estudos), senão vejamos um caso prático. 
"Trilho um dedo numa porta." Se disser imediatamente: "foda-se!... ca-RAAA-lho!" e abanar a mão de cima para baixo várias vezes a dor passa mais depressa, dói menos. 
Caso contrário, se estiver na presença de sua excelência reverendíssima o Papa Francisco e não puder dizer "foda-se!", nem "caralho", nem "puta que pariu a porta!" e apenas disser: "bolas, aleijei-me", acreditem, a dor atormenta-nos muito mais tempo e é muito mais forte. 
Por isso, lembrem-se: os palavrões não passam de interjeições, a classe de palavras mais simples da língua portuguesa e há que saber usá-los nos momentos adequados sem cair na brejeirice nem na má criação (Cuidado!), senão perderão o valor analgésico e passarão a ser "diarreia mental".
Ah! e já agora: eu sei o que é um adjetivo. 


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Cristão Ateu

"Infelizmente acho que ainda não tenho fé. Mas por que é que eu digo infelizmente? Tenho de pensar..."

José Pedro Gomes, Actor, Revista Sábado

"Descobri que Cristo está vivo. Essa foi a grande revelação. Durante o tempo que andei no túnel, nem sabia que havia Cristo, Deus. Não percebia nada, a Santíssima Trindade para mim, era uma grande confusão. Sempre aquela sensação do Deus castigador da infância. E não é nada disso - há um Deus misericordioso."

Fernando Santos, Campeão Europeu de Futebol, Revista Sábado. 

Ultimamente tenho pensado muito neste assunto: qual é a minha posição relativamente à fé, relativamente a Deus?

Tenho fé? pouca/nenhuma.
Já tive mais? sim.
Sou de tradição católica? sim. 
Gostaria de ter mais? sim. 
Existe Deus?
Existe vida para além da morte?

Ouvi há algum tempo um programa de rádio onde um dos intervenientes se definia como um "cristão ateu". Dizia ele que era de tradição católica, que acreditava em algumas coisas (poucas), que gostaria de ter mais fé,  que compreendia os seus benefícios mas que de momento sentia muitas reservas em relação a muitos dogmas cristãos como, por exemplo, a virgindade de Maria ou a Santíssima Trindade. Não poderia estar mais de acordo. 

Uma das melhores pessoas em termos de valores humanos que conheci na vida, como designaria a minha mãe por "um coração de bondade", não tinha fé, algo que Gabriel Garcia Márquez em "O amor em Tempos de Cólera" imortalizou na frase: "Era algo mais raro - respondeu-lhe o doutor Urbino. - Um santo ateu. Mas isso, são assuntos de Deus."

Posto isto, penso que terei de trilhar o meu caminho de fé sabendo que dos dois lados da barricada existem pessoas boas e más, pessoas que valem cada segundo e pessoas que só fazem o bem a pensar que estão a fazer o mal. 

De certeza que qualquer que seja o futuro em termos de fé, ao contrário do que muitos defendem, não serei melhor nem pior pessoa. A conquista da fé poderá resolver alguns medos que tenho, como o medo da morte, mas nunca me tornará melhor pessoa. 

Mas o futuro a Deus pertence! :)
(não é esta uma frase de fé?)




sábado, 20 de agosto de 2016

Na falta de um ditador, mandam 2000.

A minha teoria é muito simples: na falta de um ditador mandam 2000. Quero com isto dizer que, depois do 25 de Abril, no nosso país mandam 2000 pessoas. 

2000 mil, 3000 mil, 4000 mil: número figurado para retratar que o nosso país é liderado por uma elite corrupta que se protege, defende, mistura... 

Registo este facto porque já igualámos 41 anos de democracia com 41 anos de ditadura. 

Porque afirmo isto?

Afirmo porque todos os dias leio/vejo/ouço nos meios de comunicação social os mesmos rostos, as mesmas famílias, os mesmos parentescos, os mesmos laços, os mesmos amigos, os mesmos discursos, as mesmas crenças, os mesmos lugares, os mesmos carros, os mesmos... as mesmas... os mesmos... 

Não raras vezes, eles próprios, os 2000 como lhe chamarei a partir daqui, se denunciam. Sou amigo de Sicrano desde a infância, sou primo de Beltrano, sou sobrinho de Fulano. Tudo às claras. 

Estudei no Técnico (um clássico). Fiz parte da Associação de Estudante na Faculdade de Direito em Coimbra (outro clássico). Pertenci à geração que desafio Américo Thomaz em Coimbra. Participei na Assembleia Constituinte. Sou administrador não executivo da Caixa, da PT, da REN, da EDP...

Maçonaria e Opus Dei? Ajuda e muito...

Tirando o mundo futebolístico onde vários "zés" se conseguem destacar e enriquecer (nem sempre bem visto), um ou outro crânio académico ou um ou outro alpinista social por casamento, os ditos 2000 são sempre os mesmos. 

Desta forma, existe em Portugal um corporativismo que perpetua os grandes e asfixia os pequenos e permite a uns quantos, reinar; enquanto o resto assiste de forma revoltada (o meu caso) ou indiferente (a maioria), mais por pobreza de espírito do que por outra coisa. (Este parágrafo tornar-me-ia comunista no Avante, coisa que não sou.)

Tudo é feito de forma a favorecer este indivíduo/instituição, a não prejudicar aquele, a proteger esta família, a não cutucar aquela. Como dizia o outro: "pomos o Moedas a trabalhar", agora Comissário Europeu.

Escrevo esta mensagem para lhes dizer que, infelizmente, o 25 de Abril falhou. As conquistas de Abril como pomposamente lhes chamam, falharam. A Democracia falhou! 

Neste país mandam os 2000. O resto é paisagem. 

PP

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Redutor, porém verdadeiro...

"O mundo está dividido entre os que cagam bem e os que cagam mal". 

In "O amor em Tempos de Cólera", Gabriel Garcia Márquez